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Uso da Termografia em Dor Crônica

Uso da Termografia por Infravermelho no Diagnóstico e Manejo da Dor

Desde 400 AC, quando Hipócrates usou a temperatura do corpo em um diagnóstico, aplicando lama no corpo de um paciente e especulando que áreas secas tinham doenças, a temperatura tem sido uma importante área de interesse na medicina. A pele é um órgão muito importante na regulação da temperatura, e a temperatura corporal é controlada pelo controle combinado do sistema nervoso central e autonômico.

A Termografia Digital por Infravermelho de Alta Definição, ou simplesmente Termografia Infravermelha ou ainda, do inglês, Infrared Thermography (IRT) detecta a luz infravermelha emitida pelo corpo para visualizar alterações no calor corporal devido a anormalidades no fluxo sanguíneo superficial de áreas doentes ou disfuncionais.

A Termografia por Infravermelho não é uma ferramenta que mostra anormalidades anatômicas, mas é um método que mostra alterações fisiológicas, isto é, mostra o mau funcionamento neurológico e/ou vascular em uma determinada porção do corpo.
Ela visualiza objetivamente sintomas subjetivos, portanto, é útil na realização de diagnósticos e avaliações no campo da Clínica da Dor, onde o diagnóstico é baseado em queixas subjetivas de sintomas.

As vantagens do IRT é que:
① é não invasivo e indolor,
② não é prejudicial ao paciente,
③ é possível realizar testes em um estado fisiologicamente natural, e
④ seu tempo de testes é curto.
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Princípios Básicos da Termografia por Infravermelho

O fundo teórico mais importante da Termografia por Infravermelho é que a distribuição do calor corporal em um corpo normal é SIMÉTRICA (Uematsu et al. 1988).

Portanto, a simetria do calor corporal é considerada o elemento mais importante na interpretação das imagens de Termografia por Infravermelho.
Uma câmera infravermelha é utilizada para medir a luz infravermelha emitida pelo corpo e a exibe na tela, e o mapeamento de pseudo-cores é feito na imagem infravermelha obtida para facilitar a interpretação visual (Szekely & Rencz, 1999). Portanto, ao comparar a distribuição de calor corporal em ambos os lados do corpo, a região de interesse (ROI - Region Of Interest) é definida para um tamanho igual em cada lado da imagem pseudo-colorida obtida, e a temperatura média dentro de cada ROI é calculada para comparar a diferença.

Há dois métodos para comparar a diferença de temperatura dentro de um ROI dos lados afetados e não afetados. O primeiro método é definir uma diferença significativa, como quando a assimetria de temperatura se desvia do desvio de um padrão da ROI do lado não afetado (Uematsu et al., 1988), e o segundo é definir a significância, como quando a diferença na temperatura média de ambas as ROIs é maior do que a "diferença de temperatura de referência". Este último método é utilizado principalmente na área médica.
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A ligação entre Termografia por Infravermelho e Dor


Após Galileu projetar o primeiro termômetro em 1592, a luz infravermelha foi descoberta por William Herschel em 1800, e o primeiro equipamento por infravermelho foi usado no diagnóstico de câncer de mama por Lawson em 1956 (Lawson, 1956). Então, em 1982, a US Food and Drug Administration (FDA) aprovou a Termografia Digital por Infravermelho de Alta Definição como ADJUNTO AO RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA e, até hoje, tem havido muitos estudos sobre a utilidade da IRT em diversas áreas, como:
  • avaliação da SÍNDROME DA DOR COMPLEXA REGIONAL (SDCR) (Schürmann et al., 2007; Nahm et al., 2009; Choi et al., 2013),
  • neuralgia pós-herpética (Han et al., 2010),
  • lesão do chicote (Paeng et al., 2009; Kin et al., 2004),
  • artrite inflamatória (Denoble et al., 2010; Brenneret al., 2010),
  • distúrbio da articulação têmporo-mandibular (DATM) (Nahm et al., 2007; Gratt et al., 1994),
  • dores de cabeça (Ford et al., 1997; Dalla et al., 1991)
  • e síndrome da dor miofascial (Costa et al., 2013; Haddad et al., 2012).

As doenças onde a Termografia por Infravermelho pode ser utilizada são apresentadas abaixo:
a. Rastreamento de Câncer:
  • câncer de pele
  • câncer de mama
b. Desordens dolorosas:
  • Síndrome da Dor Complexa Regional
  • Neuropatia Periférica
  • Síndrome da Dor Miofascial
  • Dores de Cabeça
  • Síndrome do Chicote
  • Neuraldia Pós-herpética
  • Artrites
  • Radiculopatias
  • Transtornos da Articulação Têmporo-mandibular
c. Outros
  • rastreamento de febre
  • doenças vasculares periféricas

Considerando que a Termografia por Infravermelho visualiza anormalidades fisiológicas e funcionais ao invés de anormalidades anatômicas, não há dúvida que, comparada a outros métodos de diagnóstico por imagem, a IRT é um método de diagnóstico eficaz para doenças de difícil diagnóstico com Tomografia Computadorizada ou Ressonância Funcional Magnética, como Síndrome da Dor Complexa Regional (SDCR), dor neuropática, cefaléia e dor miofascial. De fato, para SDCR, sabe-se que tem maior sensibilidade em relação à ressonância magnética ou à cintilografia óssea trifásica (Schürmann et al., 2007; Park et al., 2006), sendo relatado que a termografia tem maior sensibilidade no diagnóstico de dor neuropática em relação ao teste de resposta simpática da pele (Park et al., 1994).

Ao decidir sobre uma anormalidade em doenças específicas, há diferentes visões sobre qual deve ser a "diferença de temperatura de referência", segundo o pesquisador, e para a SDCR são utilizadas normas como 0.6℃ (Bruehl et al., 1996) e 1.0℃ (Harden et al., 2007). Enquanto isso, em relação à confiabilidade da Termografia por Infravermelho, foram realizadas pesquisas para SDCR (Choi et al., 2013) e síndrome da dor miofascial (Costa et al., 2013; McCoy et al., 2011), e foi relatado que existe alta confiabilidade para estas doenças. Em termos de correlação entre dor e diferença de temperatura medida com a IRT, foi relatado que houve uma correlação significativa entre a gravidade da dor causada pela hérnia discal lombar com a diferença de temperatura da pele (Zhang et al., 1994). Também foi relatado que houve uma correlação significativa entre o limiar de pressão dolorosa e a diferença de temperatura na síndrome da dor miofascial (Haddad et al., 2012).

Recentemente, a técnica, que obtém uma imagem dinâmica através de um teste de carga de estresse, bem como a Termografia Estática, é amplamente utilizada. A base teórica para isto é que normalmente a mudança de temperatura em ambos os lados do corpo após a carga de estresse é simétrica, e o grau de restauração da temperatura após a remoção do estresse é simétrica em ambos os lados.

Portanto, quando a restauração da temperatura é assimétrica após a remoção das tensões, considera-se que existem anormalidades fisiológicas.
Para o teste de carga de estresse, estresse frio/quente, exercício, estresse farmacológico, vibração e estimulação visual são usados como estresse, e a partir destes, o teste de estresse frio é o mais usado. Quando se utiliza a termografia de estresse frio, sabe-se que a sensibilidade e a especificidade são aprimoradas para o diagnóstico de Síndrome de Dor Complexa Regional (Gulevich et al., 1997; Wasner et al., 2002; Park et al., 2006), mas isso causa dor ao paciente durante a termografia de estresse frio, e não foi estabelecida uma diretriz padronizada para o teste de carga de estresse.

 

A Termografia Digital por Infravermelho de Alta Definição é um método diagnóstico não invasivo e seguro, que visualiza anormalidades funcionais e é utilizado efetivamente no diagnóstico de inúmeras doenças e na avaliação do efeito do tratamento. Comparado a outros métodos de diagnóstico por imagem, mostra alto desempenho diagnóstico em doenças dolorosas e é obtida sensibilidade e especificidade ainda mais altas ao usar o teste de carga de estresse.

Referências
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