• (11) 4022-2899
  • Instituto CIENSA - Rua Joaquim Bernardes Borges, 411 - Centro - Itu/SP

Termografia no Diagnóstico e Manejo de Doenças Reumáticas

Uso da Termografia por Infravermelho no Diagnóstico e Manejo de Doenças Reumáticas

A artrite reumatóide (AR) é a doença inflamatória e sistêmica mais comum do tecido conjuntivo com fundo auto-imune, ou seja, o sistema de defesa do corpo passa a atacar estruturas do próprio corpo. Ela é caracterizada por artrite (inflamação articular) simétrica, alterações não articulares e complicações sistêmicas (Mottonen, 1988; Van der Heijde, 1995; American College of Rheumatology, 1996). A incidência anual de Artrite Reumatóide (AR) tem sido relatada como sendo em torno de 40 por 100.000. Na população européia, a prevalência da AR é estimada em 0,5-1,1%, e nos Estados Unidos varia de 0,53-0,55% (EUMUSC, 2014; Harris et al., 2009; Hunter et al., 2017).

A Artrite Reumatóide pode ocorrer em qualquer idade. No entanto, a maior incidência é observada em pessoas com mais de 40 anos e é três vezes mais frequente nas mulheres do que nos homens. A Artrite Reumatóide pode ser leve, moderada ou grave, e os pacientes podem apresentar dor, calor e inchaço no processo da doença (Meyeret al., 2013; Guo at al., 2018).

Informações Médicas
A doença é caracterizada por distúrbios relacionados à imunidade inata nos processos de ativação do complemento pelo complexo antígeno-anticorpo, bem como imunidade adaptativa, que se manifesta na resposta imunológica contra seus antígenos. Entre os anticorpos que atacam elementos dos tecidos do organismo, os mais conhecidos são os autoanticorpos direcionados contra a região cristalizável do fragmento (região Fc - a região de um anticorpo que interage com os receptores de superfície celular (Fc)) das imunoglobulinas classe G (IgG), ou seja, o fator reumatóide (RF) (Turesson et al., 2003).

Pacientes com Artrite Reumatóide que têm títulos elevados de auto-anticorpos correm maior risco de desenvolver sintomas de doenças não articulares, como nódulos reumatóides ou vasculite ou distúrbios do sistema nervoso, sistema digestivo, pele, fígado, olhos ou pleural (Turesson et al., 2003).
Um processo natural que ocorre como resultado da inflamação é a modificação das proteínas pela sua citrullinação. Uma característica da AR é a ocorrência de uma resposta imune adaptativa contra estas proteínas, que se manifesta pela presença dos chamados anticorpos anticiclícos peptídeos citrullinated peptideos (anti-CCP). O anti-CCP está presente no sangue do paciente muitos anos antes do aparecimento das características clínicas da doença.
Image
Aplicações da Termografia em Artrite Reumatóide

Aplicações da Termografia em Artrite Reumatóide


Atualmente, o diagnóstico da Artrite Reumatóide é baseado em critérios do American College of Rheumatology (ACR) (1996), o que inclui achados clínicos, biológicos e radiológicos. A doença afeta mais freqüentemente o punho, articulações metacarpofalangeanas e as articulações interfalangeanas proximais (Guo et al., 2018).

A Tomografia Computadorizada (TC) é uma ferramenta útil na detecção de anormalidades estruturais dos ossos e estreitamento do espaço articular (Kaczmarek & Nowakowski, 2016). Entretanto, esta técnica não é capaz de detectar sinovite de partes moles e os estágios iniciais da erosão óssea, reduzindo assim as informações relevantes para o reumatologista sobre a atividade da doença (Cao et al., 2016; Døhn et al., 2006). Além disso, a Ressonância Magnética (RM) permite a visualização de todos os componentes teciduais envolvidos na Artrite Reumatóide e detecta suficientemente as erosões ósseas em um estágio inicial da doença. Entretanto, é difícil a utilização deste método para o rastreamento dos pacientes (Duer-Jensen et al., 2009; Lin et al., 2013). Outra técnica é a Ultrassonografia (US), que permite detectar precocemente erosões ósseas e anormalidades dos tecidos moles. O exame Power Doppler também pode ser utilizado, mas é menos sensível que a radiografia para detecção de erosões ósseas (Naredo et al., 2005). Van den Berg et al. (2017) propuseram um sistema portátil de ultrassom e imagem fotoacústica (PAI) com sonda portátil para detectar sinovite clinicamente evidente. A vantagem desta técnica é a detecção de pequenos vasos sanguíneos nas cápsulas articulares da artrite dos dedos, que podem ser hiperativos na doença. Há forças e limitações para cada modalidade (Backhaus et al.,. 1999; Østergaard et al., 2008)); portanto a Termografia Digital por Infravermelho de Alta Definição pode ser um sensor adequado para a detecção de inflamação articular em humanos e animais (Rusch et al., 2000; Frize et al., 2011; Shlykov et al., 2018). Protocolos estáticos e dinâmicos são os dois mais utilizados. O primeiro protocolo mede as condições de estado estacionário. A dinâmica inclui resfriamento e reaquecimento, em seguida capta uma série de termogramas durante um período de tempo, fornecendo informações úteis aos tecidos (Wasilewska et al., Snekhalatha et al., 2015; Borojevi et al., 2011).

Os autores de pesquisas anteriormente relacionadas utilizaram a Termografia Digital por Infravermelho de Alta Definição em diversas aplicações, como:
  • aplicações médicas para triagem de pacientes potencialmente infectados em aeroportos (Sun et al., 2017);
  • detecção de câncer de mama (Williams et al., 1990;
  • Mambou et al., 2018);
  • neuropatia diabética (Abdeladl et al., 2016);
  • detecção de distúrbios vasculares periféricos (Bagavathiappan et al., 2009) e
  • na artrite psoriática (Ismail et al., 2014).

Mais estudos abordam a avaliação de doenças reumáticas, dentre elas:
  • em estudos recentes, foi avaliado o papel do exame termográfico das articulações das mãos para diagnóstico e predição da progressão da doença (Van Zwieten, 2007);
  • Frize et al. (2011) e Snekhalatha et al. (2015) realizaram um exame termográfico passivo das articulações das mãos, punhos e joelhos de pacientes com Artrite Reumatóide e participantes saudáveis;
  • Borojevic et al. (2011) coletaram as imagens termográficas das mãos de indivíduos saudáveis, pacientes com artrite reumatóide e pacientes com osteoartrite (Borojevi et al., 2011) e descobriram que a distribuição de calor sobre a superfície da pele difere entre os pacientes com Artrite Reumatóide e osteoartrite.

Outros pesquisadores analisaram o uso da termografia ativa no diagnóstico da Artrite Reumatóide:
  • Rusch et al. (Rusch) observaram um fluxo mais lento de sangue de vasos venosos doentes em pacientes com Artrite Reumatóide durante o processo de aquecimento;
  • Leijon-Sundqvist et al. (2016) examinaram a temperatura das partes palmares e dorsais da mão. Esta abordagem explicou a reperfusão tecidual representada pela área da superfície de determinados dedos aquecidos;
  • Snekhalatha et al. (2012) determinaram que pacientes com Artrite Reumatóide sem inflamação ativa das mãos demonstram uma temperatura média significativamente maior em comparação a indivíduos saudáveis.

O principal desafio na avaliação da Artrite Reumatóide é a avaliação dos níveis de atividade da doença em caso de ausência de características clínicas unívocas.
Image

Pauk et al. (2019) mostrou com clareza que a Termografia Digital por Infravermelho de Alta Resolução (ou Infrared Thermography - IRT) detecta o nível de atividade da Artrite Reumatóide e pode ser usada na prática clínica como ferramenta de apoio ao diagnóstico.

Saiba mais sobre o uso da Termografia por Infravermelho na detecção de processos inflamatórios clicando AQUI!

É um método rápido e direto, seguro, flexível e de baixo custo. Tem algumas limitações que devem ser levadas em conta quando aplicado na prática médica como a resolução do sensor e sua configuração adequada, seja do equipamento quanto do local de coleta das imagens (como temperatura e umidade ambiental controlados). Portanto, a Termografia Digital por Infravermelho de Alta Resolução, como a utilizada pela equipe da TERMOdiagnose, é adequada para o seguimento de algumas doenças reumáticas.

Recentes avanços neste campo permitem que esta tecnologia detecte câncer de mama, diabetes, neuropatias, etc. No estudo de Pauk et al. (2019), foi demonstrado que a Termografia por Infravermelho diferencia o nível de atividade da doença e mostra características de inflamação em pacientes com Artrite Reumatóide, o que pode ser útil no diagnóstico e tratamento de pacientes com exame clínico não completamente esclarecedor.


Referências

Mottonen T.T. Prediction of erosiveness and rate of development of new erosions in early rheumatoid arthritis. Ann. Rheum. Dis. 1988;47:648–653. doi: 10.1136/ard.47.8.648
Van der Heijde D.M. Joint erosions and patients with early rheumatoid arthritis. Br. J. Rheumatol. 1995;34:74–78
American College of Rheumatology Ad Hoc Committee on Clinical Guidelines. Arthritis Rheum. 1996;39:713–722.
EUMUSC . Musculoskeletal Health in Europe Report v5.0. Executive Agency for Health and Consumers; Luxembourg: 2014. pp. 1–13
Harris E.D., Schur P.H. Epidemiology, Risk Factors For, and Possible Causes of Rheumatoid Arthritis. UpToDate; Waltham, MA, USA: 2009
Hunter T.M., Boytsov N.N., Zhang X., Schroeder K., Michaud K., Araujo A.B. Prevalence of rheumatoid arthritis in the United States adult population in healthcare claims databases, 2004–2014. Rheumatol. Int. 2017;37:1551–1557
Meyer J., Gorbach A.M., Liu W.M., Medic N., Young M., Nelson C., Arceo S., Desai A., Metcalfe D.D., Komarow H.D. Mast cell dependent vascular changes associated with an acute response to cold immersion in primary contact urticaria. PLoS ONE. 2013;8:e56773
Guo Q., Wang Y., Xu D., Nossent J., Pavlos N.J., Xu J. Rheumatoid arthritis: Pathological mechanisms and modern pharmacologic therapies. Bone Res. 2018;6:15
Turesson C., O’Fallon W.M., Crowson C.S., Gabriel S.E., Matteson E.L. Extra-articular disease manifestations in rheumatoid arthritis: Incidence trends and risk factors over 46 years. Ann. Rheum. Dis. 2003;62:722–727
American College of Rheumatology Ad Hoc Committee on Clinical Guidelines. Arthritis Rheum. 1996;39:713–722
Guo Q., Wang Y., Xu D., Nossent J., Pavlos N.J., Xu J. Rheumatoid arthritis: Pathological mechanisms and modern pharmacologic therapies. Bone Res. 2018;6:15
Kaczmarek M., Nowakowski A. Active IR-Thermal Imaging in Medicine. J. Nondestruct. Eval. 2016;35:19
Cao K., Mills D.M., Thiele R.G., Patwardhan K. Towards Quantitative Assessment of RA using Volerteic Ultrasound. IEEE Trans. Biomed. Eng. 2016;63:449–458
Døhn U.M., Ejbjerg B.J., Court-Payen M., Hasselquist M., Narvestad E., Szkudlarek M., Møller J.M., Thomsen H.S., Østergaard M. Are bone erosions detected by magnetic resonance imaging and ultrasonography true erosions? A comparison with computed tomography in rheumatoid arthritis metacarpophalangeal joints. Arthritis Res. Ther. 2006;8:1–9
Duer-Jensen A., Ejbjerg B., Albrecht-Beste E., Vestergaard A., Døhn U.M., Hetland M.L., Østergaard M. Does low-field dedicated extremity MRI (E-MRI) reliably detect bone erosions in rheumatoid arthritis? A comparison of two different E-MRI units and conventional radiography with high-resolution CT scanning. Ann. Rheum. Dis. 2009;68:1296–1302
Lin C., Karlson E.W., Canhao H., Miller T.A., Dligach D., Chen P.J., Perez R.N., Shen Y., Weinblatt M.E., Shadick N.A., et al. Automatic Prediction of RA Disese Activity from the Electronic Medical Records. PLoS ONE. 2013;8:1–10
Naredo E., Bonilla G., Gamero F., Uson J., Carmona L., Laffon A. Assessment of inflammatory activity in rheumatoid arthritis: A comparative study of clinical evaluation with grey scale and power Doppler ultrasonography. Ann. Rheum. Dis. Mar. 2005;64:375–381
Van den Berg P.J., Daoudi K., Bernelot Moens H.J., Steenbergen W. Feasibility of photoacoustic/ultrasound imaging of synovitis in finger joints using a point-of-care system. Photoacoustics. 2017
Backhaus M., Kamradt T., Sandrock D., Loreck D., Fritz J., Wolf K.J., Raber H., Hamm B., Burmester G.R., Bollow M. Arthritis of the finger joints. A comprehensive approach comparing conventional radiography, scintigraphy, ultrasound, and contrast-enhanced magnetic resonance imaging. Arthritis Rheum. 1999;42:1232–1245
Østergaard M., Pedersen S.J., Døhn U.M. Imaging in rheumatoid arthritis—status and recent advances for magnetic resonance imaging, ultrasonography, computed tomography and conventional radiography. Best Pract. Res. Clin. Rheumatol. 2008;22:1019–1044
Rusch D., Follmann M., Boss B., Neeck G. Dynamic thermography of the knee joints in rheumatoid arthritis (RA) in the course of the first therapy of the patients with methylprednisolone. Z. Rheumatol. 2000;59:131–135
Frize M., Adéa C., Payeur P., Di Primio G., Karsh J., Ogungbemile A. Detection of Rheumatoid Arthritis Using Infrared Imaging; Proceedings of the SPIE Medical Imaging; Lake Buena Vista (Orlando), FL, USA. 12–17 February 2011
Shlykov V., Kotovskyi V., Višniakov N., Šešok A. The IR-thermal imaging method for evaluation of the status of myocardial coronary vessels under the condition of artificial blood circulation. Technol. Health Care. 2018;26:571–5766
Wasilewska A., Pauk J., Jezewski S., Banach M., Dlugosz R. Selected factors affecting active thermographic measurment of human response to cold stress in RA patient, In Proceedings of the 12th International Conference Biomdlore, Bialystok, Poland, 28–30 June, 2018; pp; 1–4
Snekhalatha U., Anburajan M., Sowmiya V., Venkatraman B., Menaka M. Automated hand thermal image segmentation and feature extraction in the evaluation of rheumatoid arthritis. Proc. IMechE Part H J. Eng. Med. 2015;229:319–331
Borojevi N., Kolarci D., Grazio S., Grubisic F., Antonini S., Nola I.A., Herceg Z. Thermography hand temperature distribution in rheumatoid arthrisis and osteoarthrisis. Period. Biol. 2011;113:445–448
Sun G., Nakayama Y., Dagdanpurev S., Abe S., Nishimura H., Kirimoto T., Matsui T. Remote sensing of multiple vital signs using a CMOS camera-equipped infrared thermography system and its clinical application in rapidly screening patients with suspected infectious diseases. Int. J. Infect. Dis. 2017;55:113–117
Williams K.L., Phillips B.H., Jones P.A., Beaman S.A., Fleming P.J. Thermography in screening for breast cancer. J. Epidemiol. Community Health. 1990;44:112–113
Mambou S.J., Maresova P., Krejcar O., Selamat A., Kuca K. Breast cancer detection using infrared thermal rmaging and a deep learning model. Sensors. 2018;18:2799
Abdeladl O., Schleicher M., Portilla M., Shaporev A., Reukov V. Development of a portable near infrared camera for early detection of diabetic ulcers; Proceedings of the 32nd Southern Biomedical Engineering Conference (SBEC); Shreveport, LA, USA. 11–13 March 2016
Bagavathiappan S., Saravanan T., Philip J., Jayakumar T., Raj B., Karunanithi R., Panicker T.M.R., Korath M.P., Jagadeesan K. Infrared thermal imaging for detection of peripheral vascular disorders. J. Med. Phys. 2009;34:43–47
Ismail E., Capo A., Amerio P., Merla A. Functional-thermoregulatory model for the differential diagnosis of psoriatic arthritis. Biomed. Eng. Online. 2014;13:162
Van Zwieten K.J., Brys P., Van Rietvelde F., Oudenhoven L., Vanhoenacker F.M., Willemssens F., Nievelstein R.A.J., d’Archambeau O., Van Robaeys F., Hogendoorn P.C.W., et al. Imaging of the hand, techniques and pathology: A pictorial essay. Société Royale Belge de Radiologie. Acta Med. Belg. 2007;90:396–455
Leijon-Sundqvist K., Tegner Y., Juntti U., Karp K., Lehto N. Hand skin temperature—Are there warm and cold rewarming patterns after cold stress test? Thermol. Int. 2016;26:81–87
Snekhalatha U., Anburajan M., Teena T., Venkatraman B., Menaka M., Raj B. Thermal image analysis and segmentation of hand in evaluation of rheumatoid arthritis; Proceedings of the International Conference on Computer Communication and Informatics; Coimbatore, India. 10–12 January 2012; pp. 1–6
Pauk J, Wasilewska A, Ihnatouski M. Infrared Thermography Sensor for Disease Activity Detection in Rheumatoid Arthritis Patients. Sensors (Basel). 2019 Aug 7;19(16):3444
Rastreamento de Inflamação Articular por Termografia por Infravermelho
A TERMOdiagnose Itu/SP oferece o rastreamento de inflamação articular em pacientes assintomáticos e subssintomáticos portadores de Doenças Reumatológicas.

Agende sua consulta clicando AQUI

Copyright © 2024 TERMODIAGNOSE®. Todos os Direitos Reservados. Criado com por FUNReactor Web Team

AVISO IMPORTANTE: o conteúdo deste website tem caráter estritamente educativo e não deve ser considerado consulta médica ou método diagnóstico recomendado para o visitante deste website. Um médico habilitado deve ser consultado para que o diagnóstico adequado seja realizado. Todas as imagens diagnósticas foram obtidas de artigos médico-científicos ou tiveram sua imagem cedida contratualmente.
Responsável técnico: Dr. João Alberto Ribeiro, médico, CRM/SP 119.485.
Membro da Associação Brasileira de Termologia e Sociedade Brasileira pra o Estudo da Dor.

Aviso Legal: este website utiliza Google Analytics e coleta cookies para análise de desempenho deste website. A Termodiagnose® não coleta informações de seu navegador.